sexta-feira, 19 de junho de 2015

Despertar no Bairro

Reportagem

Famoso pela vida boémia e algumas casas de fado, mas também pelos relatos de violência, excessos noturnos ou a prostituição de outrora, o Bairro Alto não costuma chegar até nós pelos melhores motivos. Mas nessas mesmas ruas habita uma comunidade de várias idades, origens e profissões que todos os dias se levanta e se deita, num dos locais onde a noite lisboeta acontece. Num passeio matinal, fui conhecer algumas pessoas deste bairro.

"Para mim, o mais difícil era adormecer. Acordar sempre foi um sossego." 
Sr. Agostinho da Padaria “Os Bolos”

Subindo a Rua do Norte às 7H30 da manhã, o comércio está ainda fechado. Cruzo-me com o Sr. Humberto do talho, que distribui peças de carne pelas casas do bairro. O camião do lixo termina a recolha. Bárbara, caminhando misteriosa e de poucas palavras, chega a casa depois de uma noite de trabalho, enquanto escreve mensagens no telemóvel. Bato à porta d'Os Bolos, nome pelo qual já conhecia esta padaria no topo da Rua da Rosa. Está aberta todo o dia e toda a noite. O Sr. Agostinho, ribatejano, trabalhador de camisa de cavas branca e braços tatuados conta-nos que faz pão de dia e de noite, há 33 anos. "Hoje rendi de madrugada e só saio daqui ao final da tarde." Diz orgulhoso de si mesmo. Durante 15 anos viveu no prédio em frente à padaria e confessa: "Para mim, o mais difícil era adormecer. Acordar sempre foi um sossego. Mesmo nos tempos e que havia muita prostituição, o barulho era muito pouco durante a noite." A segurança nos últimos 10 anos tem sido também um problema, indica: "Hoje já não há respeito pela Polícia. Não têm medo deles. À noite já vi de tudo. Até já fizeram graffities aqui à entrada da padaria." Por estes motivos, mostra-se favorável à vídeo-vigilância e opina que o uso desta tecnologia pode melhorar a segurança de todos. Hoje é o seu dia de aniversário mas como prenda, oferece-me uma merenda folhada, ali mesmo cozinhada por ela, na panificadora. As ruas do Bairro durante esta manhã fresca de Outono continuam a padecer de uma estranha normalidade, para quem possa estar mais habituado à copofonia noturna.


Tempos de Outrora

“Antigamente as manhãs tinham outra graça! Acordava com os jornaleiros, os vendedores de rua dos figos da capinha rota e as lavandeiras de Caneças que todos os dias nos limpavam a roupa. Ah, e os ardinas! Por vezes até via jornais a voarem das mãos deles para as varandas do terceiro andar.” 
Dona Maria da Pensão Atalaia.

Dona Maria Dominguez, proprietária da Pensão Atalaia costuma trabalhar durante a noite. Sai do serviço às 9H30 da manhã e a esta hora dirige-se à Leitaria de esquina na Rua da Atalaia para comer algo antes de dormir. Com o vagar da idade vejo-a entrar apoiada no balanço da bengala. Senta-se e depois de introduzida na conversa pelo dono da leitaria, partilha esperançada o seu saber acumulado em 70 anos de vida e de trabalho no Bairro Alto. “Antigamente as manhãs tinham outra graça! Acordava com os jornaleiros, os vendedores de rua dos figos da capinha rota e as lavandeiras de Caneças que todos os dias nos limpavam a roupa. Ah, e os ardinas! Por vezes até via jornais a voarem das mãos deles para as varandas do terceiro andar.” Relembra com saudades de outrora. “As manhãs de hoje são mais calmas” aponta, em oposição à vida do antigamente. Mãe, avó e bisavó, Dona Maria está preocupada com o futuro das próximas gerações. Da janela de sua casa ou da receção da sua pensão espreita pela janela para ver o que se passa nas ruas do Bairro Alto durante a noite. “As raparigas agora são as piores! Bebem mais do que os rapazes.” Fala do seu neto como exemplo, jovem de 20 anos que várias vezes depois de beber um copo na noite, prefere dormir em casa da avó, em vez de conduzir embriagado até à Margem Sul do Tejo, onde reside. Mas conta também que já ela mesma sofreu situações incómodas de assédio por parte de jovens embriagados nas noitadas, ao entrar e sair do seu trabalho, a Pensão. Também aponta a alimentação dos dias de hoje como um problema que pode afetar os jovens. “Já não comem a comida feita com a dedicação de uma avó ou de uma mãe, apenas querem hambúrgueres. Assim os jovens não crescem da mesma forma”. No Bairro Alto contudo pode encontrar uma série de bons locais para comer refeições que o irão satisfazer. Por exemplo na área da gastronomia tradicional recomenda-se o Pap'Açorda ou o Bota Alta, na comida oriental o Ghandi Palace ou o Calcutá, na world-fusion o Sul, ou a quem preferir os pratos japoneses indica-se o Novo Bonsai. Os habitantes locais sentem melhorias na qualidade do seu descanso desde que os bares passaram a fechar às 2H da manhã. Mais recentemente, às 3H nas noites de sábado e domingo. Apesar de tudo, adormecer continua difícil e esse é um ponto de acordo entre os locais com os quais conversámos. A conversa acabou hospitaleira, como não podia deixar de ser com a dona de uma Pensão, e a Dona Maria ofereceu-me um café, antes de seguir caminho.

"Bom Dia!" de Franck Grenier - Licença CC BY-ND 2.0


Ruas Limpas

Os riscos nas paredes podem ser piores mas os graffities bem feitos até acho bem.” 
Sr. José, varredor, funcionário da higiene urbana.

Durante as noites ébrias deste bairro da cidade são dispensados milhares de copos de plástico. José é um dos trabalhadores que os varre durante o dia. Jovem de 30 anos que vem todos os dias da Damaia para o Bairro Alto. Aqui trabalha há um ano e desde que começou, já nota diferenças no volume de sujidade que encontra pela frente em todas as suas jornadas. “Desde há poucas semanas quando proibiram as lojas de conveniência, já não se veem garrafas de vidro no chão das ruas. Assim é melhor, agora são só copos de plástico.” Entra no emprego às 7H e varre as ruas durante a manhã com outros dois colegas, desde o topo do Bairro Alto, junto à Rua de São Pedro de Alcântara até ao Largo do Camões. Os graffities são habitualmente considerados pelas autoridades um problema de poluição visual, mas quando questionado sobre este tema, José mostra-se à vontade: “Os riscos nas paredes podem ser piores mas os graffities bem feitos até acho bem.” Aprova os murais que conhece na Damaia na Cova da Moura, junto a onde mora. “Essas pinturas trazem cor à área.” Deixa a sugestão que talvez pudessem fazer o mesmo no Bairro Alto: legalizar algumas paredes onde possam seja possível pintar esses murais. Nas paredes de várias ruas do Bairro Alto, nota-se o trabalho das brigadas anti-graffity que a Câmara Municipal de Lisboa, CML, tem financiado. Além de várias paredes sem pinturas e tags, esta última a assinatura de cada pessoas que pinta murais, é patente o trabalho que as brigadas têm levado a cabo. Até se veem limpas, as lajes e pedras que revestem as portas de rua dos antigos prédios do Bairro Alto. Os posters de evento, festivais e marcas que habitualmente invadem as fachadas dos prédios são cada vez menos, indica José. Agora existem placards próprios colocados pela CML que têm reduzido a poluição visual. Para saber mais sobre a sua profissão, José sugere-me falar com Rute, também varredora de rua. Ela é jovem e pratica o ofício há pouco tempo. Confessa que é agradável para ela trabalhar naquele bairro. Sobre a abastada quantidade de copos que todos os dias encontra pela frente, desabafa: “Quanto mais lixo houver, melhor para mim... mais horas extra recebo!”.


O Bairro

Nessa altura, apesar da má fama, os clientes eram mais educados. Dantes a segurança era melhor.” 
Fernando, co-fundador do estabelecimento “Pérola do Oriente”.

Atualmente apenas duas mercearias continuam em funcionamento no bairro. Já a Dona Maria contava saudosista que vários estabelecimentos de comércio tradicional fecharam nas últimas décadas, dando lugar a casas de diversão noturna. Em funcionamento há 28 anos, a “Pérola do Oriente” na Rua da Rosa é um dos locais onde ainda podemos comprar produtos frescos durante o dia. Estabelecimento de dois irmãos, e mais conhecido devido a isso, por “Os Irmãos”, divide-se entre um café e uma mercearia. O café, já preenchido de afluência pelas oito da manhã, é separado por vidros interiores da mercearia, onde com mais calma se pode conversar com um dos empreendedores. Fernando conta que ali está naquela área da cidade há 28 anos e tem assistido a muitas mudanças. Quando questionado sobre a insegurança no Bairro Alto, dá-nos o exemplo dos anos 80 de quando aquelas ruas eram muito rotinadas por prostitutas, durante a noite. “Nessa altura, apesar da má fama, os clientes eram mais educados. Dantes a segurança era melhor.” Ali trabalha durante o dia: entra às 7H e sai às 20H e assim evita as horas notívagas de maior azáfama. A meio da manhã pelas 10H30 ficam para trás as ruas do Bairro Alto. Várias lojas de roupa, calçado e discos estão ainda por abrir, à tarde. Ao caminhar diante o jornal “A Bola” os repórteres discutem a atualidade desportiva e as suas tarefas vespertinas. Dos restaurantes, já de portas entreabertas, emanam inebriantes os aromas da gastronomia portuguesa, que serão depois servidos ao almoço.

Área histórica da capital portuguesa, o Bairro Alto é frequentado de noite e habitado de dia. Aqui se encontra a boémia noturna mas também uma vida própria diurna, recheada de histórias e vontade de as partilhar.

sábado, 6 de junho de 2015

Activistas - Parte VI

ACTIVISTAS - Cimeira da guerra.
História Ficcional
João Carlos Aguiar - 30 de Junho de 2014 - Lisboa, Portugal
Alguns Direitos Reservados. CC by-nc-nd.


Parte 6 de 6

Barra do Tribunal


Enquanto decorria a assembleia, um grupo de bombeiros sapadores expressamente convocados ao comando da polícia, com simbolismo, desencarcerava-nos dos metais e plásticos que nos agrilhoavam várias horas atrás, desde as nove da manhã. Da sede do COMETLIS fomos levados para o Tribunal do Monsanto, em Lisboa, ironicamente um dos principais lugares de paz na cidade. O relógio da carrinha da polícia, que conseguira vislumbrar marcava as quatro da tarde. Antes de sermos presentes os nove a julgamento, ficámos presos numa sala onde nunca pudemos contactar sequer com os nossos advogados. Figueira, um profissional das leis, inúmeras vezes associado às causas activistas, e que já participara em manifestações pela paz, foi o primeiro a chegar ao tribunal do Monsanto, assim que ouviu nas notícias da televisão portuguesa, que os activistas foram levados para lá.



Os seguranças do tribunal e a própria polícia impediam-no de contactar com os detidos. Impotente, aguardou a chegada de outros três advogados que conseguiu arrancar de casa, naquele sábado de Outono. Os quatro, pressionaram mais, alegando a violação de leis que asseguram os direitos básicos dos detidos. E um deles era claro, o direito a falar com um advogado. Que insensibilidade reinava às portas da instituição máxima da justiça neste país.



No vagar das horas, foram chegando cada vez mais activistas ao Monsanto. A assembleia geral no quartel deliberou fazer-se uma manifestação de apoio em frente à instituição onde estavam deitados os restantes de nós. O sol pôs-se mais cedo do que o habitual na tarde de confrontos. Pelo menos para mim. Monsanto à noite, iluminado pela parca luz do quarto crescente, apenas suficiente para iluminar um pouco daquele lugar tão estranho, improvável e esconso, onde supostamente se faria justiça. Eram já largas dezenas, do lado de lá da estrada em frente ao tribunal. Os autocarros ainda circulavam àquela hora da noite, iluminando as estradas escuras. O relógio marcava as dez horas da noite, exactamente doze depois de termos perpetrado a acção. E lá de fora só se ouvia um grito conjunto e de inequívoco apoio: ACTIVISTAS PRESOS. LIBERDADE JÁ!”



Primeiro saíram os quatro advogados, liderados pelo Figueira. Já era quase meia-noite, pelas 23H45. De seguida, e sempre a conta-gotas, aconteceu, a saída dos activistas, enfim em liberdade, ao fim de mais de doze horas de detenção ilegal. O juiz quis registar o nome, morada, dados pessoais, fiscais e bancários dos detidos, e imprimiu-lhes um cadastro, que carregarão o resto das suas vidas, por terem lutado pacificamente pela paz no mundo, num país que reconhece desde 1974, no Decreto-Lei nº 406/74 de 29 de Agosto, o livre exercício do direito de reunião em lugares públicos, independentemente de qualquer autorização estatal. Não recorremos a qualquer violência, não agredimos ninguém, nem tão pouco perturbámos a ordem pública naquele cruzamento, que já estava bloqueado à circulação pela organização da cimeira. Foi sem recurso a qualquer forma de violência, e apenas pela paz, que lutámos e por que nos prenderam.


Rockman of Zymurgy "Game Over" - CC BY-NC-ND 2.0 


Ainda hoje, cinco anos depois, espero o julgamento daqueles polícias que nem sequer uma chapa de identificação carregavam na sua farda à Robotcop. Gostaria de saber o nome deles, para pagarem a indemnização aos que ficaram com os braços partidos. Com certeza, o caso prescreveu e agora abolorece perdido no tempo dos arquivos da justiça lusitana.

A fita de cena forense foi algo que guardei. Essa tenho-a no meu quarto, e quantas vezes olho para a parede à noite antes de me deitar, e digo para comigo: “NATO GAME OVER”.



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"ACTIVISTAS - Cimeira da guerra."
História Ficcional
João Carlos Aguiar - 30 de Junho de 2014 - Lisboa, Portugal
Alguns Direitos Reservados. CC by-nc-nd.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Activistas - Parte V

ACTIVISTAS - Cimeira da guerra.
História Ficcional
João Carlos Aguiar - 30 de Junho de 2014 - Lisboa, Portugal
Alguns Direitos Reservados. CC by-nc-nd.


Parte 5 de 6

Porcos, incompetentes e maus


A chegada deles foi retumbante e violenta. As sirenes aproximavam-
-se de nós, dispostos no chão em círculo, agrilhoados e unidos entre nós por ferros metálicos dentro de tubos de plástico. Tínhamos a suspeita de que a polícia portuguesa não saberia lidar com esta situação,
por ser inédita no país.

O som projectado dos altifalantes no topo das carrinhas azuis da polícia, que deslizavam pela Avenida Gomes da Costa abaixo, ia sendo distorcido pelo efeito Doppler, à velocidade incessante e exagerada a que se deslocavam. Só pensava para comigo que era ridícula a postura da Polícia, sempre se desresponsabilizar para dar o exemplo aos restantes cidadãos. A atitude de eles próprios violarem tantas vezes, por exemplo, os limites de velocidade, mesmo quando em marcha de emergência. Chegaram com rapidez e não era o corpo policial comum, mas sim o corpo de intervenção. E que despreparados se mostraram para uma situação destas. Fomos nós os primeiros, que nos sacrificámos. Depois desta acção as supostas autoridades poderiam aprender algumas lições.

A primeira carrinha travou a fundo quando seguia ainda em velocidade, bem no centro do cruzamento. O Vítor e a Sara, os nossos “Anjos” foram a correr ter com eles para lhes explicar o intuito daquela acção. A Catarina estava a falar com os jornalistas ao mesmo tempo que lhes ia dando indicações para se moverem no cruzamento, de modo a conseguirem filmar a actuação, que se revelaria violenta da Polícia. Nós, sentados no chão, firmes uns nos outros e sempre de cabeça erguida, olhávamos de frente sempre que os polícias passavam à nossa frente. Chegou outra carrinha ao cruzamento, com um guinchar de travagem atabalhoada e descontrolada. Eram já cerca de trinta polícias equipados com capacetes. Às tantas, o Marcos grita para os Polícias acabados de chegar: Queres ver que ainda vão trazer os blindados que andam a gastar com o dinheiro dos nossos impostos.” O momento era de tensão mas esta frase de escárnio e ridicularização foi recebida com aplausos dos locais transeuntes que também olhavam para o aparato ali montado.

Cinco dos polícias aproximaram-se do círculo com o intuito claro de o desfazer, sem sequer terem pensado o que seria que nos estava a ligar. Agarraram a Maria, talvez por ser a mais frágil do grupo, e tentaram levá-la para fora do círculo. O meu braço foi de imediato arrastado para cima e para fora sentindo uma dor devido à tensão provocada nas correntes como antes nunca sentira. A Maria depressa gritou “Estamos ligados com ferros. Estamos ligados com ferros.”, o que os cinco polícias nem sequer ouviram. Como resultado imediato, todos nós seis no círculo fomos de repente arrastados pelo chão dois metros em direcção às carrinhas.

Espera lá que isso não é assim!” Veio a correr até nós, um dos polícias que estava a dialogar com a Sara e o Vítor. Boquiabertos, os restantes perceberam que isto era algo que os transcendia. Dois deles ainda continuaram a insistir que o corpo da Maria milagrosamente se soltasse do círculo, ao que ela, eu e o André voltámos a gritar “Estamos ligados com ferros!” Mas foi insuficiente, pois dessa vez a Maria esbracejou demasiado e revelando um semblante de desalento e dor. “Estou a sentir algo de errado no meu corpo. Acho que parti o braço esquerdo.”

Enquanto dez polícias conferenciavam como iriam resolver aquele imbróglio, nós continuávamos no chão, já lesionados mas firmes na nossa convicção de bloquear a cimeira da morte. A Catarina já relegava os media para segundo plano, para em vez disso nos trazer água, dando-nos de beber à boca, enquanto a exaustão, a tensão psicológica e o sol daquele dia, nos desidratavam. Já eram onze da manhã. Infelizmente, a resposta das forças foi demasiado rápida e dolorosa. Doze polícias vieram a marchar até nós, cada um deles agarrou-nos por um braço, na zona axilar, um de cada de lado. Dois para cada activista, e com algum sincronismo, gritaram os doze ao mesmo tempo que nós esperneávamos inconformados e resistentes. “Vá pessoal, três, dois, um. Levantem!”

Fomos levados até à carrinha, onde eles primeiro rebateram os assentos. Mesmo assim, com esta réstia de pensamento, durante o trajecto de cinquenta metros até às carrinhas, os nosso braços, mãos e ombros foram forçados a aguentar as deformações e tensões do tubo de plástico, dos ferros, do cavalgar mal sincronizado dos polícias. Nesse momento, continuámos a gritar: NO MORE WAR. NATO GAME OVER”. A comunicação social, filmou-nos em uníssono naquele momento de resistência. Na carrinha, estava com os braços tão esticados e os tubos tão para dentro que estava a sangrar. Sentia o sangue que escorria pelo tronco abaixo. Outros activistas estavam tão confinados ao espaço da parte traseira da carrinha e mal acomodados, que batiam com o seu corpo e a cara no vidro da carrinha. O momento por nós ali vivido era uma desumanidade.

Fomos levados para a esquadra do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, ou COMETLIS, como também se dizia, fomos encalacrados numa cela colectiva durante dez horas. A reflexão sucedânea a toda aquela manhã era inevitável. A polícia não obstante as suas vestes próprias para filmar a nova sequela do Robotcop, estava despreparada para cimeira internacional. Mesmo com os milhões gastos para comprar os blindados com dinheiros do erário público, que nem sequer antes nem durante o decorrer da cimeira. Chegaram depois da cimeira. Os polícias não souberam ouvir, não souberam agir, não conseguiram pensar, nem tão pouco proteger a integridade física das pessoas que ali se manifestavam pela paz no mundo.


Continua...



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"ACTIVISTAS - Cimeira da guerra."
História Ficcional
João Carlos Aguiar - 30 de Junho de 2014 - Lisboa, Portugal
Alguns Direitos Reservados. CC by-nc-nd.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Activistas - Parte IV

ACTIVISTAS - Cimeira da guerra.

História Ficcional
João Carlos Aguiar - 30 de Junho de 2014 - Lisboa, Portugal
Alguns Direitos Reservados. CC by-nc-nd.

Parte 3 de 6

Dia A”, de Activismo


Sábado, 25 de Setembro de 2010, era chegado o momento. O plano estava desenhado para o dia “A” de acção, e o objectivo era bloquear, impedir ou mesmo somente atrasar a concretização daquela cimeira maquiavélica. Para tal levávamos connosco material activista: correntes metálicas, algemas, tubos de plástico, um balde de tinta vermelha, muita energia interior e um espírito de equipa inamovível. Também importante um pequeno livrinho de bolso com várias instruções que devíamos seguir em caso de sermos detidos preventivamente e interrogados.

A manhã estava ainda a raiar, pelas oito e trinta do dia de Outono, e nós já estávamos a caminhar rumo ao cruzamento onde sabíamos de ante-mão por informadores na organização da cimeira, que iriam passar as viaturas oficiais dos principais protagonistas do circo de guerra montando na capital portuguesa durante dois dias.

Iolanda, Marcos, Sara, Maria, João, André, Catarina, Bart, e o Vítor. Cada um com as suas funções definidas. Falávamos pouco até chegar ao local. Mas estávamos focados em pleno no que estávamos prestes a fazer. Sabíamos também as consequências que eventualmente iríamos sofrer. Mas a defesa pela preservação da paz era mais importante. E claro, queríamos tão somente ser ouvidos. Nós, habitantes do planeta, indivíduos e seres humanos, estávamos e estamos terminantemente contra a guerra, a violência e o massacre, e aquela manhã era a forma de exprimirmos o conteúdo activista e humano que flamejava dentro de nós.

Ao chegar ao local, pelas nove e trinta, ao cruzamento entre a Avenida Gomes da Costa com a avenida que perpendicularmente levaria as viaturas até ao término da Avenida de Berlin, junto à Gare do Oriente. Aí, ainda no passeio, e ensolarados pelos raios da manhã de acção, tirámos as correntes, cadeados e algemas que levávamos na mochila. Durante as próximas duas horas íamos ficar agrilhoados uns aos outros, com o objectivo de bloquear a estrada e consequentemente atrasar a chegada dos chefes-de-estado ao evento que decorria então no Parque das Nações.

Quando nos sentássemos na estrada, íamos ficar com uma pessoa de cada lado à qual estenderíamos o braço, e à qual nos estávamos a acorrentar. Antes disso, a Iolanda tinha já lançado um balde com dez litros de tinta vermelha sobre o alcatrão do cruzamento, simbolizando o sangue das vítimas inocentes das apregoadas guerras pela paz, levadas a cabo pela NATO.

Já chega de guerras”, pensávamos todos desde que começámos a caminhada no quartel de madrugada, e de repente um de nós, o André começou a gritar. “NO MORE WAR!”. E a repetir o frase com uma cadência cada vez mais intensa. Em poucos segundos já estávamos tod@s nós, nove activistas a cantar em uníssono, aquele slogan pela paz.

Ao meu lado estava a Maria e do outro lado o Marcos. Já sentados no centro do cruzamento, sobre a tinta vermelha borrada na matiz escura, densa e opaca do macadame, formávamos um círculo de pessoas. As nossas pernas ficavam para fora, como precaução adicional para qualquer eventual carga policial do exterior do círculo. Poderíamos ter que espernear para a Polícia, caso nos atacasse à margem da lei e sem aviso prévio. As nossas costas estavam voltadas para o interior daquela pequena fortaleza de humanidade e reflexão sobre a paz no mundo. Quando a Maria me estendeu o braço dela com a sua mão no interior de um tubo de plástico PVC, inseri a minha mão primeiro e de seguida o meu braço naquele cilindro oco, para então procurar a sua mão e agarrá-la. Depois prendi-a à corrente que tinha já fixado a uma algema no meu braço. Assim estávamos fixos um ao outro no interior de um cilindro com volume suficiente para os nossos dois braços. Assim, sabíamos que quando a polícia ou segurança da NATO chegasse, eles não saberiam onde cortar o tubo, e que isso iria atrasar o nosso inimigo.

Roger Blackwell - CC-BY 2.0 - Unchanged

Com o Marcos do meu lado direito fiz o mesmo procedimento, até que passados cinco minutos, os seis no círculo estávamos ligados em série. No quartel activista, a An da Bélgica e outros activistas já tinham realizado inúmeros contactos com a imprensa para assegurar a chegada célere e atempada ao local, por parte de jornalistas de confiança, que não iriam deturpar os factos da nossa acção. A presença de jornalistas durante o acto significava também uma maior garantia de que qualquer interposição policial fosse feita sem recurso à violência.

Três de nós estavam fora do círculo, com a função de “Anjos”. Na noite anterior, na assembleia tínhamos deliberado em consenso que pelo menos dois activistas ficariam responsáveis por realizar a ponte de diálogo com a polícia, os jornalistas ou com qualquer transeunte a presenciar. A Catarina, a Sara e o Vítor ficaram com esse papel, e que depressa se revelou importante mas também ineficaz. Sentados no chão, e com o apoio dos “Anjos” gritávamos a uma só voz “NATO Game Over. No more War”. A repetição incessante deste chamamento trazia-nos sempre mais forças, ao mesmo tempo que atraía a atenção dos locais presentes naquele cruzamento de Lisboa, a uma hora matinal.


Cerca de dez minutos depois de termos dado inicio à acção, chegaram os primeiros jornalistas. E ainda bem que vieram antes da Polícia. Estes profissionais da comunicação foram contactados previamente pela equipa de relações públicas do Quartel Activista e eram merecedores da nossa confiança. Com alguma ironia, a rádio e a televisão estatais foram desprezadas, ainda que ali estivessem tão fisicamente perto, na mesma avenida e a escassas centenas de metros.

Continua...



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"ACTIVISTAS - Cimeira da guerra."
História Ficcional
João Carlos Aguiar - 30 de Junho de 2014 - Lisboa, Portugal
Alguns Direitos Reservados. CC by-nc-nd.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Activistas - Parte III

ACTIVISTAS - Cimeira da guerra.

História Ficcional
João Carlos Aguiar - 30 de Junho de 2014 - Lisboa, Portugal
Alguns Direitos Reservados. CC by-nc-nd.

Parte 3 de 6

Assembleia Geral




O convite para a reunião circulava apenas entre os e as em quem se confiava. A segurança e o sucesso da estratégia estava primeiro do que tudo, e era desse modo que a assegurávamos. As e os cerca de cem activistas ali presentes sentados em poltronas improvisadas, numa grande roda de cinquenta metros de perímetro, deliberaram em consenso, tal como nos conselhos de administração das grandes empresas e da própria NATO, o plano de acções para o dia seguinte. No final do concílio e com todo o círculo de pé, soltou-se um grito em uníssono: NATO GAME OVER.



Ali todos podiam propor as suas ideias, e todas elas seriam consideradas válidas. Se alguém se opusesse a algo que seja, esse simples facto era suficiente para colectivamente termos que repensar e refinar a proposta original, até que fosse então reunido o consenso. No final da assembleia que durara cerca de duas horas, sabíamos então de que forma é que iríamos pôr um ferro hercúleo na engrenagem da cimeira da NATO.


Martins Desrois, Rossio 2011 - CC BY-SA 2.0

Dado que a nossa localização era próxima do Parque das Nações, de manhã muito cedo, um grupo de nós iria caminhar até um cruzamento por onde o carro do secretário-geral da organização de guerra, assim como os de muitos outros chefes de estado de países do Atlântico Norte, iriam passar. Isso estava já delineado pela organização da cimeira e nós obtivemos essa informação. Vários voluntariaram-se para esta acção. Outros iriam ficar no Quartel d@s Activistas a fazer contactos com a imprensa portuguesa a internacional, e a preparar a normalidade reconfortante que teria que regressar depois da acção, ao final do dia. 



Continua...


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"ACTIVISTAS - Cimeira da guerra."
História Ficcional
João Carlos Aguiar - 30 de Junho de 2014 - Lisboa, Portugal
Alguns Direitos Reservados. CC by-nc-nd.

terça-feira, 2 de junho de 2015

Activistas - Parte II

ACTIVISTAS - Cimeira da guerra.

História Ficcional
João Carlos Aguiar - 30 de Junho de 2014 - Lisboa, Portugal
Alguns Direitos Reservados. CC by-nc-nd.

Parte 2 de 6
Quartel d@s Activistas


O mês era de Setembro e o ano de 2010. Os primeiros a chegar a Lisboa vinham da Bélgica, numa antiga carrinha branca da popular e famosa marca
Volkswagen. Eles eram extremamente afáveis e simpáticos. A An e o Bart, e a princípio estranhara logo por que vinham apenas duas pessoas. A explicação era simples e residia na carga que traziam consigo, onde se encontravam computadores, prospetos empilhados, posters ainda enrolados em tubos e ainda a cheirar a tinta da gráfica. Sempre pela paz e sempre contra a guerra, claro. Contudo, destes materiais todos, fixei-me em especial num enorme rolo de fita, do género dos separadores utilizados para demarcar as áreas de um crime pelas equipas forenses. Mas nesta fita estava inscrito em letras garrafais: NATO GAME OVER. As palavras repetiam-se vezes sem conta, naquele rolo interminável. O espírito das próximas horas vividas no seio dos e das activistas e durante toda a cimeira no Parque das Nações, iria ser exactamente esse. NATO, já chega de brincadeiras.

Fomos directos para Xabregas, onde o Quartel Activista estava a ser montado. E como prova do valor daquele campo, já por ali se avistavam carros com indivíduos sozinhos de chapéu e óculos escuros, sentados no seu interior, parados durante horas em frente ao campo dos activistas. Várias vezes eu regressava a casa, e um desses carros vinha atrás de mim. Desde o Braço de Prata em Marvila até Sete Rios, Benfica. Não me parecia muito sinceramente que fosse apenas uma coincidência. Ilegal, sim, lá isso era.

O armazém de sete metros de altura e largas dezenas de metros de comprimento, a poucos dias do início da cimeira, não sabia ainda o seu destino. O grande portão metálico na entrada do galpão separava o nosso mundo de valores e ideais, do calmo e recôndito bairro do Poço do Bispo, na capital portuguesa. Às largas dezenas de nós que lá chegaram naquele dia de Outono, juntaram-se outros mais nos dias seguintes. Elas e eles vinham de toda a Europa. Da Polónia, Holanda, França, Espanha, Itália e claro, de vários pontos de Portugal. Os Serviços Secretos já sabiam da sua chegada. Nós, portugueses já tínhamos também sido detectados.

As fronteiras do país foram encerradas temporariamente e todas pessoas tinham que apresentar um passaporte na fronteira, uma prática que estava à margem da lei e contra o Acordo Schengen. No mínimo, era revoltante que as polícias europeias pudessem agir assim perante os seus cidadãos. Vários grupos de activistas ficaram retidos na fronteira de Elvas-Badajoz, e mandados de volta para a sua proveniência. Como é que esta suposta organização NATO quer defender e apregoar a paz, com estas atitudes de fechamento de fronteiras, de bloqueio à circulação de pessoas, sempre à margem de acordos internacionais? Que prepotência, insensatez, e que falta de sensibilidade para governar, comandar ou planear o que quer que seja.

OccupyMN - CC BY

No interior do nosso quartel, já cheirava a jantar. A equipa holandesa, regressara de uma ronda pelo Beato e pelo Braço de Prata à procura de alimentos reciclados do lixo e de restaurantes. Esta refeição gratuita serviria para a centena de nós que ali pernoitava, nas vésperas daquela cimeira que ia decidir os caminhos da guerra no mundo, durante os próximos cinco anos.

Katerina, polaca de trinta e poucos anos de idade, devota à causa pacifista por uma boa parte da sua vida, circulava atarefada pelo corredor principal do espaço, para ir repor o Manual do Activista na mesa de informações, colocada logo por detrás da porta de entrada daquele antigo armazém de torrefação de café. Tal como ela, éramos todos voluntários. Junto à entrada no corredor, estava a denominada “Sala de Trauma”, onde se podia a qualquer momento, conversar com alguém licenciado em psicologia, sobre as experiências mais vincadas de um dia de confrontos com a polícia, ou de interrogatórios judiciais. Muitas vezes as batalhas não eram mais do que intimidatórias, frias e psicológicas. Talvez isso explicasse a tamanha afluência que vi àquele espaço de aconselhamento. Uma dezena de jovens, apenas no primeiro dia de manifestações.

Além do espaço que a equipa holandesa arrendara com o financiamento de uma associação não governamental de Amesterdão, explorámos as galerias infindáveis que se estendiam naquele complexo fabril que ocupava todo o quarteirão do Braço de Prata. Com uma boa dose de magia e suspense, sempre se abria a passagem de umas salas para as outras. A antiga fábrica de tomate enlatado conduzia a uma central eléctrica com um enorme painel de controlo fabril de dois grandes manípulos e várias luzes vermelhas de controlo. Os incontáveis tanques de processos industriais, erguidos a dezenas de metros de altura, estavam todos interligados por escadas de metal. Tudo isto era estanho e sinistro. Ao passar pelos átrios, percebemos que já lá estiveram outros antes de nós, pois levaram consigo o cobre.

O rapaz que fazia escalada da equipa francesa, passou os cabos pelas estruturas de ferro que aguentavam o tecto de zinco que nos cobria. Eu ligava a tomada e fazia-se luz. Agora os computadores do teatro de operações estavam ligados à internet. A imprensa internacional aguardava expectante os mails e telefonemas que lhes faríamos chegar ao longo dos próximos dias, para divulgarem as nossos conquistas. O prato vegetariano estava pronto, e logo seguia-se a Assembleia Geral de Activistas.

Continua...


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"ACTIVISTAS - Cimeira da guerra."
História Ficcional
João Carlos Aguiar - 30 de Junho de 2014 - Lisboa, Portugal
Alguns Direitos Reservados. CC by-nc-nd.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Activistas - Parte I

ACTIVISTAS - Cimeira da guerra.

História ficcional
João Carlos Aguiar - 30 de Junho de 2014 - Lisboa, Portugal

Direitos Reservados. Todos os textos, títulos e ideias originais aqui apresentados têm uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported License (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0). Os direitos aplicam-se às várias partes do texto, à forma do texto, ou seja, à cópia fac simile deste documento, assim como às ideias que lhe estão subjacentes, ou seja, a narrativa, a sequência de acontecimentos, personagens e outras ideias originais do texto.

NOTAS PRÉVIAS:  
i) O texto é escrito segundo as normas do Antigo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
ii) Os nomes de pessoas, as datas e horas apresentadas, assim como os lugares e as cenas descritas são ficcionais.
iii) Dedico este texto aos e às lutadoras de direitos, aos meus pais pelas oportunidades que me deram, ao meu irmão pela sua fraternidade, e à minha namorada pelo seu amor.

O mundo é um lugar perigoso para se viver; não devido às más pessoas que nele habitam, mas sim às pessoas que nada fazem quanto a isso.” - Albert Einstein


Parte 1 de 6

Cimeira da Guerra


A próxima cimeira realiza-se em Lisboa, dentro de dois anos!” - anunciou de um modo retumbante o secretário-geral, tendo logo de seguida batido com a sua mão direita no púlpito em que falava diante de jornalistas de todo o mundo. Concluindo, disse ele - “Sempre em defesa da paz, despeço-me de todos vós em nome da NATO, a Organização do Tratado do Atlântico Norte”.

Que hipocrisia” pensámos todos e todas nós ao visualizar aquelas cenas na televisão, no espaço cultural do Intendente, em Lisboa. Nesse mesmo dia, sexta-feira 23 de Setembro de 2008, começámos a preparar-nos para o que seria o maior evento político dos últimos tempos em Portugal. Todos achávamos que era de todo impossível terminar com a guerra, a violência e os massacres, usando exactamente esses meios. Era necessário quebrar o ciclo de uma forma positiva, em vez de o alimentar com mais guerras e violência.

Passados dois anos, em finais de Agosto de 2010, já se preparava uma contra-cimeira. E claro que a íamos preparar. Não podíamos viver incólumes com a maior organização bélica do mundo, a partilhar o espaço de paz, diálogo intercultural e político que habitamos em Portugal. Esperavam-se neste contra-evento vários palestrantes, activistas, pacifistas, e quiçá mais importante, chegariam também vítimas inocentes da NATO bombardeadas em ataques citeriores. Por exemplo, na Sérvia, aqui tão perto no mesmo continente e onde há tão pouco tempo uma capital europeia foi completamente destruída, ainda corria a década de noventa. Ou no Afeganistão, no Ruanda, em Angola, entre muitos outros lugares. Infelizmente.

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Já tínhamos visto e aprendido que a guerra pela paz acabava sempre por alvejar os mais frágeis, indefesos e inocentes. Ou seja, aqueles e aquelas que nada tinham que ver com os próprios conflitos políticos, religiosos ou económicos, nos quais as forças internacionais se digladiavam. E é sempre injustificável vitimá-los, ainda para mais tratando-se de uma organização que se apresenta ao Mundo como defensora da paz e da estabilidade. Apenas mentiras, laivos de pseudo-estratégias militares mal desenhadas e inconsequentes. Mas pior ainda, estratégias que tantas vezes foram ineficazes, pois nem sequer a paz deixavam quando as suas tropas partiam.


Continua...



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História Ficcional
João Carlos Aguiar - 30 de Junho de 2014 - Lisboa, Portugal
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