sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Camião de Agadir até Layoune





experiência mais humilde

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Terra Brasilis


Em Terra Brasilis, por Terras de Vera Cruz...

Depois de vários meses de ausência.. peço desculpa!, volto a escrever.
Tudo bem. Peripéçias de saúde na África do Sul, vôo de Joanesburgo até o Dubai e depois então para São Paulo. Busca de um emprego em São Paulo. Trabalho no Casa Club www.casaclub.com.br . Viagem até às Cataratas de Iguaçu. Saída brusca do emprego. Tudo vai bem, apesar de algumas dificuldades.. sabia elas iriam aparecer no percurso.

Escrevo da casa de amigos, que alojam agora por uns dias, até que os meus pais cheguem de Lisboa para passarmos juntos o meu aniversário e o natal. Só a vinda deles é já o melhor presente que poderia ter. Obrigado por tudo.

E escrevo para deixar por escrito que estou de volta, e os relatos dos últimos e dos próximos meses estão chegando logo menos! ;)

No quotidiano:
Leitura: Ensaio sobre a Cegueira
Música: Grupo Fundo de Quintal, Seu Jorge Seu Jorge - Mina do condominio (remix)
Filme: Diários da Motocicleta

Fotos: http://flickr.com/photos/juaumaguiar

Um Abraço forte carregado de saudade,
do vosso amigo João

terça-feira, 22 de abril de 2008

De Pretória até Durban

Durban, África do Sul

Depois de 5 dias em Pretoria, mudei-me para Durban, a terceira maior cidade da Africa do sul, localizada na costa este, capital da provincia Kwazulu-Natal. - Natal porque Vasco da Gama pos ca o pe no dia de Natal e entao ficou o nome! O povo portugues e grande! Todos os paises africanos por onde passei teem historia escrita por maos portuguesas, e ee triste constatar que, hoje em dia, o estado letargico do povo portugues nao nos deixa sequer escrever a nossa propria historia... Mas este assunto tem pano para mangas, e gostaria de voltar a ele mais tarde... Inch a Lah!

Voltando atras... ate Pretoria, capital administrativa do pais, construida num vale todo rodeado por colinas. Bastante mais historica que a capital comercial, Joanesburgo, o centro de cidade expoe edificios oitocentistas, heranca da colonia holandesa Zuid Africa. Ha zonas a evitar no centro, tal como o bairro Sunnyside, considerado o mais perigoso da cidade, e mal-afamado pelo pais fora... onde estou a dormir!, Riana, a minha anfitria do couch surfing, diz-me que a zona de Sunnyside onde estamos e calma, e de facto assim parece, mas um gajo faz sempre figas e, ao fim do dia espera que tudo corra bem na jornada seguinte.

Pretoria - de dia e de noite

Riana e a embaixadora do couch surfing na Africa do Sul, o que quer dizer que estou instalado na Embaixada! Este seu estatudo nao e para qualquer um, e justifica-se com o simples de facto de durante os 5 dias que la fiquei, ter ido a 4 encontros locais do couchsurfing e ter conhecido 7 membros! Ela esta sempre a organizar encontros, passeios, jantares... Levou-me ao Lion Park, nos arredores de Joburg, onde pude ver os Leoes que nao vi no Kruger Park, e ate pude fazer festinhas a leoes bebes! Foi "maningue nice", dir-se-ia em Mocambique!


Lion park and host @ Pretoria

A cena ficou mais "hectic" (aqui estao sempre a dizer isto, e ee um calao que quer dizer "marado") quando fui dar uma volta a pe de Sunnyside ate aos Union Builiding, onde esta instaladado o governo nacional. Pelo caminho sou varias vezes olhado de alto a baixo, como quem pensa "o que e que este branco faz aqui sozinho?!". Muito poucos brancos andam na rua, mas encontrei alguns no caminho,
o que me deixava sempre um pouco mais descansado... Pah! Sabem bem que nao sou racista, mas a minha ideia e que se nao ha muitos brancos na rua, e em percentagem, eles sao mais ricos que os negros, e porque ha algum perigo nas ruas! "Nao ha fumo sem fogo", diz-se ai na tuga! Tenho esta ideia, tambem, depois de ter ido a varios centro comerciais e restaurantes, onde 70% das pessoas sao brancas. E contudo, falacioso, pois apenas 10% dos sul-africanos sao brancos!

A caminhar para os Union Buildings, encontro um maluco branquela no meio da rua a tirar fotos a tudo o que encontra a sua frente. Nao e facil.. eu, por exemplo, andava com a minha no bolso.. discreto, para evitar problemas. Mais a frente no caminho, num parque rodeado de predios com fachada em tijolo, ao estilo britanico, (que me lembram tambem bairros de New York, que via nos clips de hip-hop quando adolescente... Queens sytle!), encontro jovens brancas a falar na rua. O nivel de stress diminui de novo um pouco. Chegado aos Union Buildings, sou capturado pela esplendida vista sobre toda a cidade. Os "Edificios da Uniao" sao belos, com uma fachada trabalhada ao estilo oitocentista. A voltar a casa, incursando pelo mesmo caminho, encontro de novo as jovens brancas, desta vez a meterem conversa comigo. Afinal sao prostitutas!!! Onde raio e que me fui meter?!

Entre varios olhares enviesados e suspeitos, assedios de prostitutas brancas, sai do Parque de Arcadia e alinhei-me na rua da casa de Riana. (o meu livro-guia Lonely Panet nao lista este parque como uma das zonas a evitar na cidade, mas quando fores a Pretoria, nao ponhas la o pe!) Nao esperava... insconscientemente, fui associando a riqueza neste pais a comunidada branca, mas nao... ja vi sem-abrigos e prostitutas de raca branca. E o estado da "Rainbow Nation", assim lhe chamou Mandela, onde coexistem cerca de 10 tribos negras diferentes - 70%, mulatos - 10%, indianos - 10%, brancos - 10% (aproximadamente.. azzz azzzz!)

Deixo para tras Pretoria no autocarro Translux, rumo a Durban. Tenho a minha espera Catherine e a sua familia, membros do couch surfing. O seu pai e baixista e e um autentico guru musical! Fa de Moody Blues, BB King, Eric Clapton... Assisti a um concerto da sua banda de blues, em Umlhanga, nas cercanias a norte de Durban.


Union Buildings, Pretória. Vista de Durban da praia.

Dias depois mudo-me para a casa de Karl e Adriana, dois jovens irmaos de espirito libertino que me acolhem a 100%. Relaxados, calmos e sabedores. Sabado a noite rumamos a festa de reggae na universidade! Aqueceu, aqueceu o clima! Quando chegamos o dance hall estava parco, mas foi enchendo, enchendo, ate estar full! Sentado na bancada do campo de raguebi, socializavmos com as diferentes comunidadas da "rainbow nation"... grupos de brancos, grupos de negros, grupos de indianos. Travei conversa com os amigos de Karl, estudantes de ciencias sociais, cantei com um grupo de negros "i wanna give you some good good lovin'" de ziggy marley e lauryn hill, e dancei com uma negra ao som das selecoes ragga dos selectas!! Bombaclaat! Me a gwan broda! Todos admirados de eu saber as letras da musica do ziggy, e de rapar as liricas de Eric B e Rakim "Paid in Full".. "You're the man", ouvia no caminho para o dance floor! Mas o melhor estava para vir... quando comeco a ouvir a nossa lingua portuguesa a brotar das colunas do sound system "Puxa la, puxa la... Puxa la, Puxa la..." o ultimo tune dos Cool Hiponoise! Levanto-me, vou a correr para a mesa dos DJs e descubro que sao Mocambicanos! Uma rapariga a servir no bar tambem e! Tem maningue por aqui, brother!! Eheheheh


Poster da festa de reggae.. e os meus anfitrioes em Durban!

O unico calcado que tenho sao umas botas de caminhada (ofereci os meus tenis a um broda no senegal!) e nao dao jeito nenhum para bailar, pelo que as tirei e pedi a uma rapariga russa no bar, para as guardar. Chamava-se Maria, e no dia seguinte, lembro-me que tinha pedido a uma Maria, russa, em Durban para me acolher atraves do couch surfing. Manha seguinte, recebo uma sms e descubro que era ela! O Mundo e pequeno, meu irmao!

Sexta-feira rumo aos picos da Africa do Sul - Drakensberg!
Ate ja!

Um abraco,
vosso
Joao Aguiar

quinta-feira, 6 de março de 2008

Registo #4 - Dakar, Senegal

Dakar, Senegal

Começo este registo com uma auto-crítica: Tenho escrito pouco. Pouco e sem regularidade, sem regra nem disciplina. Tenho que mudar isso, pois tem acontecido tanta coisa dia após dia, e quero poder, para sempre, ler e ressentir um pouco que seja os momentos que vivi. Comprometo-me portanto a escrever um registo de viagem por semana, à quarta-feira. Já é o dia do comprimido da malária e passa também a ser o dia de escrever.

Escrevo de Dakar, capital do Senegal. Um cidade aparentemente pacífica e muito mais segura do que muitas cidades europeias. Paris, por exemplo, onde habitam muitos senegaleses e imigrantes da áfrica ocidental, é de certeza mais insegura, violenta e assustadora do que Dakar. Deixa-me a pensar como arrogância dos países mais poderosos do mundo serve para espezinhar as nações mais pobres, propagandeando que são países de guerra. Parece-me que o dinheiro (ou a falta dele) é um dos principais motivos para o crime. “Onde há probreza, há crime”, várias vezes concluímos em conversas de amigos. Quando a falta dinheiro acontece num ambiente de riqueza, num país com uma economia forte, riqueza abundante, leva com certeza ao crime. São disparidades sociais, que originam sentimentos de inveja e ganância. Em áfrica, especialmente na áfrica negra, a pobreza é geral, a solidariedade maior e a entre-ajuda entre irmãos mais presente. A vontade política é determinante também para o estado da nação, e no Senegal, a estabilidade política e ausência de guerras desde há várias décadas, contribuem para um país pacífico, estável e de solidariedade. Quando se entra no Senegal lê-se num cartaz exatamente estas qualidades, e várias vezes ouvi falar da palavra "Teranga", que descreve exatamente o espírito acolhedor e pacífico dos senegaleses.

Senegal - mapa
Mapa do Senegal. Dakar é a ponta mais à esquerda, a vermelho.

Cheguei a Dakar há uma semana no camião dos dois espanhóis, o Frankenstein, como o batizaram. Eles ficaram instalados na pousada Chez Soukeye, na Baía de Ngor, a zona de praias em Dakar (Carcavelos lá do sítio!). Quando cheguei, contatei o primo de Bourama, um amigo senegalês que conheci no projeto de alfabetização de imigrantes, no Bairro 6 de Maio (www.csb6maio.pt.vu), e que me tinha dado contatos da sua família no Senegal. Djerdjef mon ami! O seu primo Amadou mora em Cambéréne, um bairro periférico de Dakar, numa casa simples, com apenas uma divisão e uma varanda, onde guarda uma galinha de estimação. As casas-de-banho no prédio são em átrios comuns e partilhadas pelos habitantes de cada piso. Ao sair do prédio pisam-se estradas de areia que ligam as ruas do bairro.

Fiquei instalado num colchão no pequeno espaço sobrante da casa de Amadou. Sua casa é pequena, mas viver lá é um pequeno esforço até que sua nova casa, uma vivenda nos subúrbios rurais de Dakar, esteja construída. Com ela pretende iniciar um pequeno negócio hoteleiro, alugando os quartos a viajantes, à semelhança da casa onde os espanhóis ficaram: “Chez Soukeye”. A maior sorte te desejo Amadou! Depois de uma noite um casa de Amadou, percebi que era difícil manter-me instalado por lá, e por isso volvi à zona balnear de Dakar – Ngor, e fiquei na casa de hóspedes que os espanhóis me tinham mostrado. Boa onda, bom vibe se sente neste local.

Senegal - la femmeSenegal - le homme
A mulher, a criança e o homem senegaleses.


Depois de dois dias por lá, deixei as ondas do mar e fui surfar para o sofá! Falei com o David, um rapaz americano do Couch Surfing que está a fazer um trabalho de investigação sobre a SIDA no Senegal. Bem, já passaram 5 dias e conheci os seus vizinhos, os seus amigos, mas nem sinal dele! Anda por Louga no norte do país (boas memórias guardo de lá) a trabalhar no seu projeto. Ele não estava em Dakar para me receber mas deixou-me a porta de sua casa “aberta”. Há boa gente no mundo.

Há dois dias estive em casa de uma amiga de David, a Rozy, uma americana de San Francisco, finalizando a sua tese de doutoramento no Senegal. Cozinhei um “Caril Vegetariano à Moda Portuguesa”, pois ela é vegetariana, para todos os seus amigos. A malta curtiu do pitéu, disseram-me eles. Nessa noite conheci uma italiana que tinha feito Erasmus (programa de intercâmbio universitário europeu) em Lisboa, e o modo como falava da cidade mostrava o encanto que guardava de lá. Foi também bom conhecer o seu namorado, que é brasileiro, e deu para matar um pouco a saudade de ouvir a nossa língua.

No dia seguinte fui explorar a Ilha de Gorée, ao largo de Dakar. Um pequeno pedaço de terra rodeado por água, utilizado por nós, portugueses para reter, classificar e enviar escravos africanos para o “Novo Mundo”. Que episódio negro do nosso passado é esse. Foi um dia amargo, sentindo o aprisionamento e o abuso das vidad de milhares de africanos. O homem branco chegou às suas terras, fez-se amigo deles, capturou-os, separou vidas, família e amores, fez o que quis, e enviou-os para o outro lado do mundo. É forte e triste visitar a casa onde os escravos eram aprisionado e depois triados de acordo com a sua altura e peso, e cruzarem então a “Porta sem Retorno” e serem enviados num navio até às Américas. Homens numa sala, mulheres e crianças noutra. Os homens que têm mais do que 1,70 para um lado, os outros para o outro. Os que pesam mais do que 80 kg para um lado, os outros para o outro. Iam nos barcos os que têm maior altura e mais peso, para poderem sobreviver à dureza da viagem.

Ilha de Goree - episodio triste na nossa historia Casa dos Escravos - Ilha de Gorée, Dakar.

Ilha de Goree - porta sem retorno Porta sem Retorno - Ilha de Gorée, Dakar.

Uma amargura do passado pairou forte em mim ao longo de todo o dia. Sem saber bem porquê senti-me no dever de pedir desculpa pelas atrocidades que o povo de onde eu venho cometeu aos africanos. Pedi desculpa à Magi, senegalesa, amiga da Laura italiana que conheci há dias, e que nos deu uma visita guiada à ilha com tratamento V.I.P. . Sim, digo “nos” pois visitei a ilha juntamente com o Masa e a Oh Jiyon, um jovem casal de viajantes orientais. Reparei neles ao comprar o bilhete de barco e salto à vista que ele tinha uma mochila igual à minha. Não tinha visto nenhuma até então e isso foi o motivo da conversa. Ao conversarmos descobri que estamos todos no Couch Surfing e que eles estavam também hospedados em casa de alguém em Dakar. Eles são boa onda e ele vai rumar também ao sul do Senegal, Casamance e depois ao Mali. Parece que já tenho companhia para a viagem!

Ao final do dia, depois de visitar a ilha, fui ao Mercado Sendaga levantar o Boubou (roupa típica da áfrica ocidental) que tinha encomendado. Vejam as fotos!

Senegal - escola de Ngor Escola de Ngor - Dakar, Senegal.
Senegal - portugal!! Bou-Bou - Roupa tradicional da africa ocidental
T-shirt de Portugal na escola. Bou-bou - roupa tradicional da África Ocidental.


Ficam algumas palavras da língua local Wolof:
Djeredjef – obrigado, Nanga def? – como estás?, Magnifiré – muito bem, Hamga – na paz, Djamarek – estás a ver?, Tuti-tuti – um pouco, Alhamdulilah – graças a Alá, Bakha trop – muito bom, Nekhna – bonito, Basubá – ate amanhã, Inch a Lah – Se Deus (Alá) quiser.

E assim chegou ao fim o Lisboa-Dakar 2008, de boleia e em transportes públicos! Parece que afinal não foi cancelado e foi mais ecológico! ahahahah ;)

Abraços, João Aguiar


Música: Youssou N'Dour - Set, Toumani Diabaté - Ya Fama
Leitura: On the Road - Jack Kerouak, Lone Planet West Africa, Lonely Planet Southern Africa

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Registo #3 - Mauritânia-Senegal

Saint-Louis, Senegal

Amdulah, Amdulah! (Graças a Deus! em árabe)

A sorte tem sido generosa comigo até aqui. Posso até dizer que a minha fé em Deus aumentou desde que saí de Lisboa. Muito provavelmente também tocado pela forte presença da religião em Marrocos e na Mauritânia. Afinal de contas o nosso Deus é o mesmo deles! Para quê tantas guerras? Enfim, isso é uma outra discussão com pano para mangas...

Cheguei a Noakshott, capital da Mauritânia com os 2 franceses que me deram boleia desde Marrocos, Layoune. Mohamed, do couchsurfing encontrou-se comigo num albergue na cidade. Estava com ele, estava com Deus, percebi em poucos instantes. Instalou-me num quarto que ele próprio aluga para receber amigos seus do couch surfing. Levou-me à casa da sua família, onde me sentei no chão com eles, confraternizando e vendo as notícias e a novela na TV (estão em todo o planeta!). Ofereceu-me peixe grelhado de almoço, improvisámos música com dois baldes, uma guitarra e batendo palmas. Que mais se pode ter numa recepção? Belisquei a pele e senti de novo a realidade do sonho que estou a viver.
Mauritania - Noakshott Mauritania - Noakshott - colores del cielo
Roupa típica da Mauritânia. Pôr-do-sol. Nouakshott, Mauritânia.

O quarto onde pernoito é humilde e fica num subúrbio de Noakshott - Sebkha. O prédio tem um grande átrio de entrada, partilhado pelos seus dois pisos e para o qual todos os quartos são virados. Famílias de quatro e mais pessoas vivem todas num só quarto igual ao meu, com cerca de 4mX4m. Vive-se mal e a áfrica negra está cada vez mais próxima e real.

A tradição do chá é muito forte na Mauritânia. Sentadas no chão, as pessoas reunem-se em torno de um fervedor de água, partilhando o chá em pequenos copos de "shot". É impossível recusar um convite para sentar e tomar um chá, pois tal é visto como ofensivo, e mesmo que se fique impressionado pelo modo como se lavam os copos há que sentar, beber e tentar comunicar mesmo que não falemos a mesma língua! É que, para lavar os copos, apenas os molham na mesma água, não potável, que usaram para lavar, pelos menos o dia todo! O chá é super concentrado e mega doce, e o modo como o preparam é algo único. Ficam vertendo o chá de um copo para outro, com uma mão a um metro de altura da outra, durante vários minutos até que se forme uma espuma no topo do copo. Diferente! É uma tradição cultural e todos os mauritanianos sabem fazer isto. Não quero recusar os convites mas sei também que não posso abusar desta bebida, pois muito provavelmente é feita com água da torneira, ainda que fervida.
Quarto na Mauritânia Acampamento Mouro
Quarto em Nouakshott. Tenda do lado da estrada onde certamente se bebe muito chá.

Durante a noite acordei com o barulho de baratas mexendo as patas por baixo do plástico que cobre o chão do quarto. Antes de me deitar borrifei o quarto com o pesticida Biokill e a meio da noite elas iam aparecendo por baixo do chão de plástico sem mais local para onde ir. Posso dizer que foi uma noite bem "barata" (Comé Xô Barata??) mas mal dormida. O meu visto na Mauritânia estava a acabar em dois dias, e então decidi ficar essas noites noites no Auberge du Sahara. As condições no quarto onde estava não eram as melhores e tinha urgentemente que encontrar alguém que estivesse também a descer até o Senegal. E assim foi! Amdulah!

Dois amigos espanhóis, do País Basco estavam a descer até Dakar! Que bem, que sorte senti ter. Graças a Deus, a Alá, o que quer que seja! Senti sorte. Estava apertado na Mauritânia, sem confiar muito no transporte que teria que fazer até à fronteira e com a maioria do pessoal nos albergues a descer noutras rotas, para o Mali e Burkina Faso. Mas deu certo! Ah ah! Os espanhóis eram muito gente boa. Jantámos juntos, bebemos uns copitos com malta francesa no hostel e rimo-nos muito enquanto tocámos guitarra e djambé pela noite fora... que bien!
Festa no Albergue
Festa no Albergue, com exercícios de equilíbrio à mistura!

Dia seguinte: rumo ao Senegal! E assim foi. Um dia atribulado, desgastante, mas foi possível. Saímos de Noakshott pelas 9h da manhã e chegámos a Rosso, cidade fronteiriça com o Senegal pelas 12h. Miúdos armados em guardas alfandegários apareceram do nada à nossa volta, querendo tratar da nossa papelada para cruzar a fronteira, a troco de uma comissão... por supuesto! Igor, um dos espanhóis vacilou e passou os nossos documentos. Caraças! No final, lá nos safámos e a troco dumas oguyas (moeda da mauritânia). Mas não aconselho que faças o mesmo, se cá vieres. Não dês ouvidos a ninguém que não seja polícia, e reza também para que eles sejam sérios. Tivemos os 3 sorte: Igor, Gregory e eu. A saída da Mauritânia foi um pouco atribulada mas fez-se. O pior estava agora para vir... a entrada no Senegal! De novo, pseudo-alfandegários chegam perto de ti para enganarem, mas é tudo falso. Não dês ouvidos a ninguém nesta fronteira. Fala apenas com polícias e oficiais da alfândega e reza para que tudo corra bem.

Tinham-nos dito que íríamos pagar muito para que o camião onde seguíamos viagem entrasse no Senegal, mas não, correu tudo bem. Pagámos cerca de 4 euros para entrar e cerca de 30 euros pelo seguro. Os pseudo-alfandegários queriam vender por muito mais. De qualquer das formas, é muito dinheiro para os locais. Aproveito também para vos apresentar o Frankenstein, ou antes, Franki, como abreviavam os dois bascos. Camião Iveco, comprado por Igor e Gregory em Espanha, e afinado às ncessidades da viagem: porta-cargas virou roulote, onde tinham uma cama de beliche, um fogão, bancada e vários armários de cozinha. Genial! Tinham tudo ali, viviam ali e eles é que alteraram tudo. Cobriram a estrutura metálica do porta-cargas do camião com espuma (aquela que fica sólida e serva e de isolante entre paredes) e cobriram tudo por fora com a coberta original verde de plástico grosso. O sistema de som estava na cabine e ia até ao quarto. Bombava a toda a hora Peter Tosh em alto som, e era por isso alimentado por quatro baterias! História virá por causa disto... ;)
Camiao Frankenstein - franky Franky!! Frankenstein - Grego!
Frankenstein a.k.a. Franki e Grego, no seu interior preparando o jantar.

Depois de 4 horas na fronteira, atrapalhados por trafulhas e maltrapilhos, e sempre com uma mão no bolso e outra na bolsa à cintura tateando o passaporte, seguimos para St. Loius, bela cidade colonial francesa no norte da costa senegalesa. Poucos kilómetros depois da fronteira, numa paragem para controle policial, a bateria, ou antes as baterias foram-se abaixo! Fomos 7 a empurrar o Franki. Dois polícias, 3 locais que pararam o carro na estrada, o Igor e eu. O Gregory rodava a chave na ingição até o camião ligar. E ligou, ao fim de algumas tentativas. A sua idade de 20 anos já não perdoa, e daqui para a frente viriam mais problemas...

Desta vez, o alternador. Estragou-se, e acomo consequência a bateria não recarrega. O lindo pôr-do-sol no saara no horizonte, e nós se bateria nem alternador! Ah pois, solução: colámo-nos que nem parasitas a uma Toyota Hiace com umas 20 pessoas, que seguia na nossa frente. Suas luzes nos ajudaram na a estrada mais esburacada e menos iluminada do meu Lisboa-Dakar! Fiquei admirado como o pessoal conduzia no Senegal. Bem mais certinho do que em Portugal: a carinha que seguia na nossa frente fazia os piscas sempre que ia curvar. Talvez devido às más condições da estrada, o pessoal fique mais solidário. Foram 80km de Rosso até St. Louis, com algum nervosismo, mas também firmeza e otimismo. Temos que estar assim! "Tudo vai pelo melhor", me dizia o Igor várias vezes ao longo da viagem e assim foi. Amdulah!
Senegal - sunset
Pôr-do-sol no Saara, Senegal.

Chegados a St. Louis, ligámos a um amigo de um amigo dos espanhóis. Ele recebeu-nos como se fosse um hotel de cinco estrelas. Ofereceu-nos uma enorme travessa de frango e cus-cus, deu um quarto enorme com casa-de-banho e ar condicionado a cada um de nós, deixou-nos usar a internet e ainda nos ajudou a arranjar o camião no dia seguinte. E nenhum de nós, o conhecia pessoalmente antes de chegar a St. Louis. "Quando a esmola é muita, o pobre desconfia" e até fico a filmar se este homem não tem negócios ilícitos em Espanha com o amigo dos espanhóis! Sei lá, me perdoem se estou a falar asneira!
Senegal - St Louis - foto com o anfitriao!
Anfitrião em St. Louis, Grego, Igor e eu.

Bom, tem tudo corrido mais do que bem até aqui. Uma verdadeira caixa de surpresas, tem sido esta viagem. Hoje rumamos a Dakar, a última etapa! INCH A LAH!

Um abraço do vosso amigo,
João Aguiar

Música: Peter Tosh - Legalize it, Manu Chao - El viento
Leitura: Lonely Planet West Africa

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Registo #2 - Fronteira Marrocos-Mauritânia

Noadibou, Mauritânia

Volto a registar momentos da viagem neste papel poucas horas depois de ter entrado em solo mauritaniano. Calmo, isto parece calmo, face às ameaças de terrorismo no rally Lisboa-Dakar de que tanto se ouvia falar que iam acontecer na Mauritânia. Já vi umas 30 roulotes e uns 15 carros franceses no caminho desde Marrocos até aqui. Muita gente decide vir passear até aqui.

Parece calmo e não muito diferente de Marrocos. Lembro-me agora deste país com muita saudade... Estive em Tânger onde conheci um sábio de 40 anos na rua, em Chefchaouen onde desfrutei de boas conversas com o Yassine, em Fez onde conheci duas polacas que viajam sozinhas há 7 meses, em Rabat onde me revi no espírito hospitaleiro e viajante do Hassan (fogo mano, obrigado!!! senti-me mesmo em casa!). Segui para Marrakesh, onde aprendi muito com a lógica do Zakaria, passei por Agadir onde me desconfortei com a ganância que o turismo provoca nos locais, atraquei em Layoune por uns dias, onde no Hotel Jodesa (bom e barato... recomenda-se!) apanhei boleia para a Mauritânia com dois franceses que costumam descer até à África Ocidental para vender carros!


Josino com Jelaba Almighty Hassan
Vestido com o traje típico marroquino - Jelaba. Rabat - Hassan.
Marrakesh - Familia de acolhimento
Marrakesh - Zakaria e sua família.

Marrocos é muito bonito. Fez é de facto lindo. Chefcahouen encantador. Marrakesh desapontou-me com as fachadas côr de barro mas recém-construídas, apenas para "inglês ver". Achei a Praça Djema El-Fna, centro da cidade, uma outra farsa para encher os olhos, com shows de boxe onde as luvas fazem festinhas nas cabeças dos lutadores, onde homens se vestem de mulheres e bailam a Dança do Ventre, aproveitando o fato de as mulheres não poderem dançar em público de acordo com o Corão, para fazer uns trocos. Mas enfim, tem o seu encanto, pois é afinal uma cidade no meio do deserto, que começou por ser um oásis.

Fez - Bab Bubjeloud Fez - Curtumes
Fez - Portão para a Medina. Curtumes onde são feitos tapetes.

De Layoune parti rumo de novo ao deserto. Areia, areia e mais areia... e uma estrada rudimentar, apenas com duas faixas e meio esburacada! A paisagem é árida, amarela e desértica, com aparições aleatórias e frequentes de camelos no meio da estrada. A Senhora do Deserto, Fatma, da qual ontem me falaram (Djeredjef Júnior!) deu-me a mão e a temperatura esteve fresca na viagem pelo deserto. A travessia da fronteira com a Mauritânia, apesar de um pouco atribulada e assustadora foi bem sucedida!

Entre o sul de Marrocos e a fronteira norte da Mauritânia existem cerca 5 km de "Terra sem Dono". O que isto quer dizer é que este pedaço de deserto não pertence a nenhum dos dois países e que, para dificultar o cruzamento da fronteira, e haver mais controlo na imigração existem várias minas terrestres enterradas na areia! Um pouco arriscado... Os especialistas a cruzar este pedaço de terra são os Camionistas. Então o segredo é seguir milimetricamente a trilha na areia dos camiões. Contaram-me os dois franceses que me deram boleia, que há cerca de um ano um casal de espanhóis morreu nesta travessia, com a explosão de uma mina. O que ouvi dizer é que eles usaram um GPS e tentaram seguir em linha recta da alfândega de Marrocos para a da Mauritânia.

Fomos seguindo o caminho dos camiões, até que o nosso carro atascou num monte de areia. Saímos do carro e tentámos resolver o problema, e de repente aparecem 3 carros Mercedes dos anos 90 (na Mauritânia só se vê este carro!!! E o mais engraçado é que não há um único stand da Mercedes no país... é bizarro! Vários europeus foram lá vender os carros. ;) ). Dos 3 Mercedes saíram uns 10 adolescentes com má cara, que por largos momentos me fizeram pensar que íamos ser roubados na "Terra sem Dono" e que eles seriam os donos dela! Correu tudo bem. Eles vieram só fazer um dinheiro resolvendo o nosso problema e até já tinham tábuas de madeira para tirar o carro da areia mais facilmente. Passámos a fronteira e deram-nos apenas 4 dias para estar no país. Não nos devem querer muito tempo por aqui, pensei.

Tem cuidado com esta zona na fronteira quando cá vieres. Espera por um camião e cola-te a ele pelo caminho fora! Os franceses aventuraram-se sozinhos e não seguiram bem a trilha dos camiões e à custa disso passámos uma tensãozita na fronteira... "Etai Chaud!!!", disse o francês! ahahah! Mas encontrámos muitos turistas no caminho. A pista alcatroada possibilita boas condições para viajar até ao sul de Marrocos e porque não? É tão perto!

De boleia no Saaracruzando o saara
Cruzando o Deserto do Saara - Sul de Marrocos

Toma la lagosta!
Lagostada em Noadibou, Mauritânia, com os 2 frances que deram boleia.

Viajar tem sido muito bom. Aprende-se tanto, conhecem-se muitas pessoas e conhecemo-nos também a nós mesmos. Estou ansioso por chegar ao Senegal! Um casal francês que conheci em Layoune, deu-me ótimas premonições dessa terra. Amanhã rumo a Noakshott, cidade capital e depois então para o Senegal!

Um grande abraço,
João Aguiar


Música: SAM (gnawa), Fnaire - Az Lkhil Mrabetha (rap marroquino), Gnawa Diffusion - Douga Douga (gnawa fusion)
Leitura: Lonely Planet Marrocos, Lonely Planet West Africa

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Registo #1 - Partida de Lisboa até Marrocos

Chefchaouen, Marrocos
Estou maravilhado com os primeiros momentos da viagem. Maravilhado mas não ofuscado... espero!

Saí de casa há 3 dias e já tanto aconteceu, tanto aprendi. Viajar é conhecer o Mundo, sem dúvida, mas conheceres-te também a ti próprio. Parece-me ser assim, mas estou a dizer isto com apenas 3 dias de viagem, portanto não te fies muito neste
mancebo das viagens!

De metro fui até Sete Rios, onde apanhei o comboio até Foros da Amora. O objectivo e apanhar boleia na estacao de servico junto à A2. Ha cerca de 8 anos tinha ido à bomba com uma namorada e foi facil entrar. Desta vez havia vedaçao à volta! Como "tudo tem um fim", dizem os orientais, fui ate ao fim da vedaçao e andei para tras rumo à bomba, cerca de 1 km, junto à berma da apressada A2.

No meu estatuto de mancebo, fui abordando as pessoas, sem saber se bem, se mal... mas sempre tentando. Para aprender ha que errar... pois entao que venhem os erros! Veio tambem a sorte, e passados 15 minutos um casal espanhol de Cadiz: Sr. Juan e Sra. Ascension oferceram-me uma passagem directa ate ao sul de Espanha. Encantado fiquei com este casal espanhol que me deu a primeira ajuda durante a viagem. Correu tudo bem. Fomos "a abrir" pela A2 abaixo e depois pela Via do Infante a este. Paramos em Sevilha por uma hora, e chegamos pelas 19h a Cadiz.
Li em varios sitios na internet que e dificil andar de boleia em Espanha (o casal foi uma excepçao, nao me peguntes porquê!), pelo que tentei primeiro o autocarro para Tarifa, onde poderia embarcar no ferry rumo a Marrocos. "Lo Siento, solamiente hasta las 18h30. "Enveredei pelo plano B: "Autostop!"
Fui ate à bomba mais perto da saida de Cadiz para Tarifa mas, de facto, nao foi facil. Uma hora à espera, mas como "quem espera, sempre alcança", apareceu um anjo: a Patricia, que percebeu que eu estava em maus lençois, devido à escassez de alojamento durante o Carnaval de Cadiz, e decidiu por isso acolher-me. Vive com o seu "novio" (ou "cari", abreviatura de "carino", como ela o chamava), o Pablo, um "surfero" que à custa das ondas ja conhecia bem a costa portuguesa. Deram-me dormida, jantar, conversaçao, ligaçao à internet, pequeno-almoço, levaram-me à estaçao de autocarros e "rien a payer!" A Patricia explicou-me que a sua Avo esta muito doente e que em troca, apenas pede a Deus que ela melhore. Peço o mesmo pela minha!

Rumo a Tarifa, a ponta mais a Sul de Espanha! O autocarro foi barato e rapido. Cheguei à vila e rumei à pousada "Banti", onde o Flo, um alemao de 30 anos, membro da rede "Couchsurfing" me esperava. Pois e, fiquei numa pousada sem pagar e em regime de "Pensao Couchsurfing"! Este palavrao refere-se a uma rede de pessoas na internet que acolhem viajantes em suas casas a custo zero. Hei-de referir muitas mais vezes este anglicanismo por aqui... seguro! Mas atençao que so fiquei na pousada gratuitamente porque o Flo era o encarregado das obras de remodelaçao do "Banti".

Quando cheguei à pousada ofereci-me para cozinhar. Nao havia muito, portanto foi improvisar com o que havia. Fiz um refogado (ou "esturgido", à boa moda do Porto carago!), adicionei uns pimentos e caril, cozi massa, juntei queijo e manteiga, e preparei uma salada com azeite e oregaos. Foi o suficiente para impressionar o Flo e o Tom, um americano de 45 anos, com um invejavel curriculo de viagens e que vive agora em Tarifa, onde gere o seu negocio de um casino online. Muito boa gente, me parecem.
O Vento de Levante, do qual me recordo tao bem de ouvir falar nas aulas de historia, pos-se forte e acordou-me a meio da noite. No dia seguinte marchava rumo ao Porto de Tarifa para embarcar no barco para Tânger. Imaginei um pais diferente, mais distante, com gente mais diferente. Sem saber bem porquê, senti-me bem, perto de casa, ao pisar o solo marroquino. Deambulando uns minutos, sente-se o desalento e a ansiedade nas pessoas por uma vida melhor: o Sonho Europeu, que na minha humilde opiniao nao e realizado em Portugal ou Espanha, que nao me parecem ser muito diferentes de Marrocos. Tentei resistir aos taxis, mas, um pouco mais iluminado, decidi poupar as costas para uma grande viagem e pedi a um fogareiro para me levar ate à "Gare de Bus".

Enquanto esperava o autocarro, comecei a falar com um sabio senhor de 40 anos, Abdulah, que ate sabia que o Rei de Portugal se tinha exilado no Brasil. Entrei no autocarro, depois de prender a mochila com cadeado aos ferros do porao, nao va o Diabo tecê-las, e rumo a Chefchaouen, nas Montanhas do Rif! Chegado ja de noite, apareceu logo à saida do autocarro um "encaminhador de turistas" que me tentou levar a todo o lado menos onde eu tinha um amigo do Hospitality Club (rede semelhante ao Couch Surfing) à espera. No final ainda pediu dinheiro... por me ter feito gastar as costas e o tempo. Dei-lhe 6 Dirham (cerca de 50 cêntimos) e ja foi muita bondade! Enfim... aprendi a ter cuidado na saida dos autocarros.

Encontrei-me com o Zohair, amigo do HC a meio da semi-final da "Coup d'Afrique" Egipto - Costa do Marfim. Resultado final 4-1 para o Egipto, e Marrocos celebra a vitoria quase como se fosse sua. Afinal de contas, e um pais arabe que vai estar na final! Zohair e muito afavel, inteligente e com bons principios. Nao pôde acolher-me mas os seus amigos puderam, e ate me puseram na mao as chaves de sua casa! Esta pequena vila azul na montanha revela-se bela e hospitaleira.

Marhababekum! (Bem-vindo! em Arabe)


Música: Chambao - Papeles Mojados, Kruder & Dorfmeister - K&D sessions
Leitura: Lonely Planet - Marrocos

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Registo #0 - O que é este site?

"Um dia ponho a mochila às costas e vou conhecer o mundo. Hoje é o dia"
5 de Fevereiro de 2008

Um curso em Engenharia Electrotecnica terminado, um emprego bem remunerado na Chipidea, mas queixamo-nos sempre, e queremos sempre mais. Pelo menos eu quis,assim quis,assim estou a fazer. Decidi deixar o meu belo pais para traspara mais valor ainda lhe dar…


Faz bem sair, tem-me feito bem. Aprende-se. Estou numa viagem pelo planeta fora,sem trajecto nem regresso muito bem definido. Aqui vou dando noticias,e quero receber noticias tuas tambem! Os amigos e a familia,sao a energia, o combustivel para esta viagem. Quero trazer-vos imagens e palavras de outros mundos,mas quero tambem ter o mesmo do nosso Mundo.


Estamos juntos nesta viagem!
Na estrada para Os Meus Descobrimentos!